Violência bidirecional nas relações de intimidade: experiências adversas na infância e saúde mental em vítimas e ofensores

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Title: Violência bidirecional nas relações de intimidade: experiências adversas na infância e saúde mental em vítimas e ofensores
Alternate Title: Bidirectional violence in intimate relationships: adverse childhood experiences and mental health in victims and perpetrators
Authors: Meireles, Vera Raquel Baptista
Contributors: Gonçalves, Mariana, Universidade do Minho
Source: urn:tid:204014697
Publication Year: 2025
Subject Terms: Violência bidirecional, Violência nas relações de intimidade, Saúde mental, Experiências adversas na infância, Vítimas, Ofensores, Bidirectional violence, Intimate partner violence, Mental health, Adverse childhood experiences, Victims, Offenders
Description: A crescente atenção ao fenómeno da violência bidirecional nas relações de intimidade tem vindo a desafiar os modelos tradicionais baseados numa perspetiva patriarcal e unidirecional, levantando questões relevantes sobre a prevalência e complexidade desta dinâmica de violência. A literatura tem analisado vítimas e ofensores de forma isolada, dificultando uma compreensão integrada das suas características. O presente trabalho aposta numa abordagem inovadora ao comparar os perfis psicológicos e desenvolvimentais de dois grupos distintos: 43 vítimas em instituições de apoio à vítima e 30 ofensores em contexto prisional. O principal objetivo consistiu em explorar a associação entre experiências adversas na infância, indicadores de saúde mental e a presença de violência bidirecional nas relações de intimidade. Recorreu-se a instrumentos de autorrelato para avaliar as variáveis de interesse. Os resultados evidenciaram uma elevada prevalência de violência bidirecional, reportada por ambos os grupos, com maior incidência no relato dos ofensores. Os ofensores reportaram significativamente mais experiências adversas na infância, nomeadamente abuso emocional, negligência e exposição à violência doméstica, enquanto as vítimas reportaram mais abuso sexual. Adicionalmente, a instabilidade sobre si e o historial de comportamentos autolesivos apresentaram uma associação significativa com a violência bidereccional. Estes dados reforçam a complexidade das dinâmicas da violência nas relações íntimas e apontam para as limitações dos modelos unidirecionais. Os resultados sustentam a necessidade de estratégias de prevenção e intervenção ajustadas aos perfis individuais e ao historial de trauma, reconhecendo a bidirecionalidade como um padrão frequente e relevante e que integrem respostas clínicas sensíveis ao género, ao trauma e à saúde mental.
Description (Translated): Growing attention to the phenomenon of bidirectional violence in intimate relationships has increasingly challenged traditional models grounded in patriarchal and unidirectional perspectives, raising important questions about the prevalence and complexity of this form of violence. The literature has largely examined victims and offenders in isolation, hindering an integrated understanding of their characteristics. This study adopts an innovative approach by comparing the psychological and developmental profiles of two distinct groups: 43 victims supported by victim assistance institutions and 30 offenders in a prison context. The main objective was to explore the association between adverse childhood experiences, mental health indicators, and the presence of bidirectional violence in intimate relationships. Validated self-report instruments were used to assess the variables of interest. The results revealed a high prevalence of bidirectional violence reported by both groups, with a greater incidence among offenders. Offenders reported significantly more adverse childhood experiences, particularly emotional abuse, neglect, and exposure to domestic violence during childhood, whereas victims reported more instances of sexual abuse. Additionally, identity instability and a history of self-harming behaviors showed a significant association with bidirectional violence. These findings underscore the complexity of intimate partner violence dynamics and highlight the limitations of unidirectional models. The results support the need for prevention and intervention strategies tailored to individual profiles and trauma histories, recognizing bidirectionality as a frequent and relevant pattern, and promoting clinical responses that are sensitive to gender, trauma, and mental health.
File Description: application/pdf
Language: Portuguese
Availability: https://hdl.handle.net/1822/98041
Rights: open access
Accession Number: rcaap.com.repositorium.repositorium.uminho.pt.1822.98041
Database: RCAAP
Description
Abstract:A crescente atenção ao fenómeno da violência bidirecional nas relações de intimidade tem vindo a desafiar os modelos tradicionais baseados numa perspetiva patriarcal e unidirecional, levantando questões relevantes sobre a prevalência e complexidade desta dinâmica de violência. A literatura tem analisado vítimas e ofensores de forma isolada, dificultando uma compreensão integrada das suas características. O presente trabalho aposta numa abordagem inovadora ao comparar os perfis psicológicos e desenvolvimentais de dois grupos distintos: 43 vítimas em instituições de apoio à vítima e 30 ofensores em contexto prisional. O principal objetivo consistiu em explorar a associação entre experiências adversas na infância, indicadores de saúde mental e a presença de violência bidirecional nas relações de intimidade. Recorreu-se a instrumentos de autorrelato para avaliar as variáveis de interesse. Os resultados evidenciaram uma elevada prevalência de violência bidirecional, reportada por ambos os grupos, com maior incidência no relato dos ofensores. Os ofensores reportaram significativamente mais experiências adversas na infância, nomeadamente abuso emocional, negligência e exposição à violência doméstica, enquanto as vítimas reportaram mais abuso sexual. Adicionalmente, a instabilidade sobre si e o historial de comportamentos autolesivos apresentaram uma associação significativa com a violência bidereccional. Estes dados reforçam a complexidade das dinâmicas da violência nas relações íntimas e apontam para as limitações dos modelos unidirecionais. Os resultados sustentam a necessidade de estratégias de prevenção e intervenção ajustadas aos perfis individuais e ao historial de trauma, reconhecendo a bidirecionalidade como um padrão frequente e relevante e que integrem respostas clínicas sensíveis ao género, ao trauma e à saúde mental.